quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O estresse e a hipertensão - Por Nathália Rocha

       Hoje falarei a respeito do estresse e de como ele influencia na hipertensão.

       O estresse é uma reação do organismo quando este se encontra em situações de confusão, irritação, situações excitantes, amedrontantes etc. Ao se deparar com situações como essas o organismo responde com o estresse, de forma física ou psicológica. Há diversos sintomas e sinais gerados por processos bioquímicos que têm origem no estresse. Alguns desses sintomas vêm também por fatores hereditários e/ou vulnerabilidades adquiridas ao longo da vida de cada indivíduo. 

       Quando um indivíduo se encontra em estado de estresse excessivo, ocorrem alterações fisiopatológicas que envolvem inflamações nas paredes vasculares, reatividade vascular aumentada, lesão vascular, dentre outras. O aumento da pressão arterial (reatividade hipertensiva) pode ser causado pelo estresse, e essa relação pode ser explicada pela alteração na via L-arginina-NO, alteração esta que pode ocorrer tanto devido ao estresse quanto devido à hipertensão. 

       Como já explicado aqui no blog em um post anterior (Óxido nítrico e sua relação com a hipertensão - por Nathália Rocha), o óxido nítrico (NO) é sintetizado a partir de L-arginina pelas óxido nítrico sintases (NOS). A redução da disponibilidade e a liberação inadequada de L-arginina estão relacionados ao estresse e a hipertensão. 

       O aumento da liberação de L-arginina aumenta também a quantidade de NO, que modula a liberação de hormônios do estresse. Em resposta ao estresse, há maior liberação de NO pelo hipotálamo; processo que é mediado pela noradrenalina e que modula a frequência cardíaca e a pressão arterial. Enquanto que na hipertensão o nível de L-arginina diminui, atrapalhando a vasodilatação. 

       Em estudo relatado no artigo do site: http://www.scielo.br/pdf/prc/v22n1/09.pdf, fala-se a respeito de um grupo de hipertensos estressados que após passar por um tratamento de controle do estresse, chamado Treino de Controle do Stress de Lipp, teve seu nível de transporte celular de L-arginina, que antes estava baixo, aumentado. Esse estudo detectou a importância desse tratamento de forma simultânea com tratamento medicamentoso para hipertensos.


Fonte:
(1) http://www.scielo.br/pdf/prc/v22n1/09.pdf


domingo, 1 de dezembro de 2013

Hipertensão: uma herança genética multifatorial - por Priscylla Silva


A hipertensão artéria é um dos principais problemas de saúde pública e a doença mais comum em países industrializados. Ela afeta aproximadamente 25% da população brasileira.
Existe um conjunto de causas potencialmente determinantes para sua ocorrência, no qual se destacam a idade, a obesidade, os hábitos alimentares inadequados, o tabagismo, a inatividade física e os fatores genéticos. Hoje falaremos da influencia genética na hipertensão.
A hipertensão é classificada como uma doença genética complexa e que na maioria dos casos é resultado final da interação entre fatores genéticos, ambientais e demográficos. Estima-se que a contribuição da carga genética para a variação da pressão arterial está entre 30 e 50%; em gêmeos univitelinos esse valor sobe para 60%.
Porém os fatores genéticos relacionados com o desenvolvimento da doença ainda não são bem conhecidos. Uma das estratégias mais utilizadas para tentar identificar o locus genético com a predisposição para o desenvolvimento dessa doença é a investigação com genes candidatos. Essa estratégia  baseia-se no principio de que um ou mais genes (envolvidos em funções fisiológicas específicas) contribuem para a variação da pressão arterial.
Até o momento 19 regiões cromossômicas estão envolvidas. Um dos genes comprovadamente relacionado é o Angiotensinogênio (AGT), precursor da angiotensina (já falada em outro post). 
O AGT está localizado na região cromossômica l q42-q43 e é expresso principalmente no fígado. Dentre todos os polimorfismos de nucleotídeos único descritos para o gene AGT, poucos foram relacionados com a hipertensão. Em um estudo, feito com a população chinesa, mostrou que as variantes M235T e T174M, especialmente o alelo T235, contribuem para um aumento no risco de hipertensão. Vale ressaltar que apesar de raras, existem formas mendelianas de desenvolvimento da doença que afetam, principalmente, o sistema de reabsorção renal.
Em estudos realizados com famílias formadas por hipertensos, notou-se um maior nível de pressão arterial nos filhos biológicos em relação aos filhos adotivos. Também se notou uma maior semelhança entre a pressão arterial de dois gêmeos univitelinos em relação a gêmeos bivitelinos. É por isso que pessoas com histórico familiar de hipertensão estão mais susceptíveis a apresentar o quadro hipertensivo. 

Síndrome de Liddle:


Trata-se de uma desordem hereditária, de caráter autossômico dominante, caracterizada por início, habitualmente grave, de hipertensão relacionada à baixa atividade de renina no plasma sanguíneo, alcalose metabólica resultante da hipocalcemia e hipoaldosteronismo, devido à baixa secreção de aldosterona.
A causa desta desordem é a ocorrência de uma alteração no canal de sódio, em decorrência de uma mutação genética no locus 16p13-p12. Isso faz com que haja um aumento da atividade deste canal, resultando no exacerbada reabsorção de sódio. Este fator ocasiona hipertensão.
           A hipertensão, que é o primeiro indicativo da síndrome, costuma ser diagnosticada durante um exame físico de rotina. Uma vez que esta síndrome é rara, ela só pode ser levada em conta quando a criança não responde a agentes anti-hipertensivos.


Farmacogenética: O medicamento certo, na dose certa, para o paciente certo.    

         A genética também influencia na escolha e no funcionamento dos medicamentos anti-hipertensivos. É a chamada Farmacogenética.
         A farmacogenética (ou farmacogenômica) é uma área da farmacologia clínica que estuda a relação entre os medicamentos e o metabolismo de grupos de indivíduos genomicamente parecidos. Existem variações genéticas que alteram a suscetibilidade de grupos de pessoas a vários medicamentos. Essas alterações causam variação da sensibilidade aos fármacos, fenômeno que é responsável pelas reações adversas inesperadas e pela baixa taxa de efetividade de alguns medicamentos em certas pessoas.
         A ideia é preparar medicamentos específicos para cada padrão de grupos populacionais com variação de sensibilidade através de um perfil genético dos pacientes com exames simples de rotina. 


Baseado nos artigos:

->  http://www.scielo.br/pdf/jped/v78n3/v78n3a15.pdf 
->  http://www.spc.pt/DL/RPC/artigos/634.pdf 
->  http://periodicos.ufsc.br/index.php/rbcdh/article/download/1980-0037.2009v11n3p341/16504
e no site: 
->  http://ce.ligahumanista.org.br/2011/08/o-que-e-farmacogenetica-e-onde-esta-sua.html