domingo, 1 de dezembro de 2013

Hipertensão: uma herança genética multifatorial - por Priscylla Silva


A hipertensão artéria é um dos principais problemas de saúde pública e a doença mais comum em países industrializados. Ela afeta aproximadamente 25% da população brasileira.
Existe um conjunto de causas potencialmente determinantes para sua ocorrência, no qual se destacam a idade, a obesidade, os hábitos alimentares inadequados, o tabagismo, a inatividade física e os fatores genéticos. Hoje falaremos da influencia genética na hipertensão.
A hipertensão é classificada como uma doença genética complexa e que na maioria dos casos é resultado final da interação entre fatores genéticos, ambientais e demográficos. Estima-se que a contribuição da carga genética para a variação da pressão arterial está entre 30 e 50%; em gêmeos univitelinos esse valor sobe para 60%.
Porém os fatores genéticos relacionados com o desenvolvimento da doença ainda não são bem conhecidos. Uma das estratégias mais utilizadas para tentar identificar o locus genético com a predisposição para o desenvolvimento dessa doença é a investigação com genes candidatos. Essa estratégia  baseia-se no principio de que um ou mais genes (envolvidos em funções fisiológicas específicas) contribuem para a variação da pressão arterial.
Até o momento 19 regiões cromossômicas estão envolvidas. Um dos genes comprovadamente relacionado é o Angiotensinogênio (AGT), precursor da angiotensina (já falada em outro post). 
O AGT está localizado na região cromossômica l q42-q43 e é expresso principalmente no fígado. Dentre todos os polimorfismos de nucleotídeos único descritos para o gene AGT, poucos foram relacionados com a hipertensão. Em um estudo, feito com a população chinesa, mostrou que as variantes M235T e T174M, especialmente o alelo T235, contribuem para um aumento no risco de hipertensão. Vale ressaltar que apesar de raras, existem formas mendelianas de desenvolvimento da doença que afetam, principalmente, o sistema de reabsorção renal.
Em estudos realizados com famílias formadas por hipertensos, notou-se um maior nível de pressão arterial nos filhos biológicos em relação aos filhos adotivos. Também se notou uma maior semelhança entre a pressão arterial de dois gêmeos univitelinos em relação a gêmeos bivitelinos. É por isso que pessoas com histórico familiar de hipertensão estão mais susceptíveis a apresentar o quadro hipertensivo. 

Síndrome de Liddle:


Trata-se de uma desordem hereditária, de caráter autossômico dominante, caracterizada por início, habitualmente grave, de hipertensão relacionada à baixa atividade de renina no plasma sanguíneo, alcalose metabólica resultante da hipocalcemia e hipoaldosteronismo, devido à baixa secreção de aldosterona.
A causa desta desordem é a ocorrência de uma alteração no canal de sódio, em decorrência de uma mutação genética no locus 16p13-p12. Isso faz com que haja um aumento da atividade deste canal, resultando no exacerbada reabsorção de sódio. Este fator ocasiona hipertensão.
           A hipertensão, que é o primeiro indicativo da síndrome, costuma ser diagnosticada durante um exame físico de rotina. Uma vez que esta síndrome é rara, ela só pode ser levada em conta quando a criança não responde a agentes anti-hipertensivos.


Farmacogenética: O medicamento certo, na dose certa, para o paciente certo.    

         A genética também influencia na escolha e no funcionamento dos medicamentos anti-hipertensivos. É a chamada Farmacogenética.
         A farmacogenética (ou farmacogenômica) é uma área da farmacologia clínica que estuda a relação entre os medicamentos e o metabolismo de grupos de indivíduos genomicamente parecidos. Existem variações genéticas que alteram a suscetibilidade de grupos de pessoas a vários medicamentos. Essas alterações causam variação da sensibilidade aos fármacos, fenômeno que é responsável pelas reações adversas inesperadas e pela baixa taxa de efetividade de alguns medicamentos em certas pessoas.
         A ideia é preparar medicamentos específicos para cada padrão de grupos populacionais com variação de sensibilidade através de um perfil genético dos pacientes com exames simples de rotina. 


Baseado nos artigos:

->  http://www.scielo.br/pdf/jped/v78n3/v78n3a15.pdf 
->  http://www.spc.pt/DL/RPC/artigos/634.pdf 
->  http://periodicos.ufsc.br/index.php/rbcdh/article/download/1980-0037.2009v11n3p341/16504
e no site: 
->  http://ce.ligahumanista.org.br/2011/08/o-que-e-farmacogenetica-e-onde-esta-sua.html

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